FELIPE FRANCO: Único brasileiro a disputar o Men’s Physique no Mr. Olympia
- 30 de dez. de 2014
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Único brasileiro a disputar o Men’s Physique no Mr. Olympia, Felipe Franco mostra que conseguiu espaço no fisiculturismo internacional. O evento, que comemora 50 anos e é considerado o maior do mundo, acontece entre 18 e 21 de setembro, na cidade de Las Vegas (EUA). Fenômeno nas redes sociais, toda publicação dele tem milhares de curtidas e seguidores em maciça interação. Mas também há críticas, principalmente por parte dos que desconhecem o estilo de vida escolhido pelo paulistano, de 28 anos. Franco diz que não se abala e mantém o foco para conseguir chegar ao topo da categoria no mundo.
O amor pela musculação começou ainda na adolescência e, aos 17 anos, Felipe Franco prestou vestibular para Educação Física. “Eu passei a estagiar e tinha muita preocupação com o que eu ia ser na vida para não ser tachado de ‘não faz nada’ ou ‘cara que só quer jogar bola’. Eu pensava no meu futuro”, conta. Foi aí que ele se dedicou ainda mais aos estudos e, com o tempo, acabou virando referência. “As pessoas acabam procurando você de acordo com a necessidade. ‘O Felipe trabalha com aumento de massa muscular, ele é muito bom, fala com ele…’ e, assim, iam me indicando”, explica o personal trainer.
Para suprir a demanda dos alunos, Felipe Franco decidiu competir. “Eu precisava passar por isso para saber como é, para entender as características, a experiência”, reforça. E foi dada a largada para a carreira como fisiculturista profissional. Em 2011, ele ganhou o título de Garoto Fitness Brasil. De lá pra cá, conseguiu outros títulos de maior relevância, como o Men’s Physique no Arnold Classic Brasil 2013. Este ano, na edição do evento em Ohio (EUA), ele conquistou o overall na categoria e entrou para o profissional.
“Quando atualizou a lista do Mr. Olympia, eu só via USA, USA, USA… Aí, veio Brasil, Felipe Franco”, diz emocionado. Segundo ele, a sua participação pode dar um retorno grande para o país. “Vai ser a melhor coisa do mundo. Estou na expectativa”, conta.
Por influência dos pais, Felipe Franco sempre consumiu alimentos saudáveis. “Mas, às vezes, eu comia as minhas porcarias também”, pondera. Quando decidiu que seria fisiculturista profissional, mudou a rotina drasticamente porque percebeu que qualquer deslize influenciava no desempenho dele. “Eu comecei a me segurar… É tudo muito difícil, minucioso. Se eu quero ir além da média, eu tenho que me poupar de algumas coisas. Foi aí que eu comecei a cortar um monte de coisas. Eu pensava que não podia perder noite de sono, nem deixar de fazer minhas refeições. Como eu nunca fumei e nem era de beber, já ajudou muito”, explica.
Os novos hábitos foram estendidos à vida social e Fê, como é chamado pelos amigos mais próximos, acabou sendo alvo de brincadeiras. “As pessoas começaram a achar que eu fiquei mala”, diz. Mas garante: “Eles me entendem e me apoiam”. Quando está longe de alguma competição, o dia a dia fica menos rígido e ele não abre mão de ir com noiva Juju Salimeni, modelo e apresentadora de TV, ao restaurante japonês preferido do casal. “Eu até coloco shoyo, que não é tão bom por causa do sódio, mas eu uso pouco”, comenta.
Para manter o corpo em forma, Felipe Franco precisou abrir mão de alimentos comuns no cardápio dos brasileiros. “Eu amo pão, pão com manteiga… Coisas do dia a dia em si. Até a carne vermelha, que eu não faço ingestão tão alta hoje em dia. Depende da dieta, depende da competição. Mas são coisas que influenciam muito. Batata frita, por exemplo. Macarrão com molho de tomate e salsicha eu também amo. Não como nada disso! Uma vez, eu escrevi no Instagram que felicidade era comer arroz com feijão. Ninguém entendeu nada. Acharam que eu era louco”, conta.
O trio frango, ovo e batata-doce ocupa as marmitas do fisiculturista todos os dias. Tudo é separado, pesado e preparado. “Se eu tenho que ir a algum lugar ou viajar, levo comigo. É 200 g disso, 300 g de outra coisa. Quantidade de comprimido, de suplemento e tudo mais”, explica. Dependendo da fase em que ele está, um ou outro item pode ser consumido. Não falta sabor. “Uso tempero natural, sem sódio, sem nada. Também coloco bastante limão”, dá a dica. Para beber, chás sem açúcar e água.
Quando chegam os sete dias finais para a competição, até a água é controlada. “Tem uma desidratação. Eu paro de consumir algumas coisas. Você precisa chegar no seu limite, na sua melhor forma, subir no palco e conquistar o seu melhor resultado. E nem sempre todos os atletas conseguem chegar a esse nível”, justifica. No dia a dia, por causa da alta ingestão de suplementos, Felipe Franco bebe muita água. “São 2,217 kg a cada 15 dias. Aí, o cara vai olhar e perguntar se eu não tenho pedra nos rins. Mal eles sabem que eu bebo 7 litros de água por dia, normalmente. Encho minha garrafa e, duas horas depois, no máximo, já acabou. Com isso, faço o meus rins trabalharem bem”, explica.
Na lista de suplementos, não faltam whey protein, polivitamínicos, glutamina, caseína e gorduras boas (óleo de coco e ômega 3). “Eu não como fruta e acabo ficando sem vitaminas. E também não consumo gordura. Só que a gordura boa é boa para o transporte de hormônios, para manter o HDL e o LDL bem”, afirma o fisiculturista.
Tamanho conhecimento veio das pesquisas que ele mesmo faz. Hoje, no entanto, ele recorre a alguns profissionais para ajudá-lo. Os exercícios, as séries e as repetições são escolhidos por ele mesmo. Mas, desde que se tornou profissional na modalidade, conta com o técnico Ricardo Pannain para potencializar as suas características. “Ele me auxilia nos treinos e traz alguns detalhes da categoria, faz ajustes. Como eu tenho que me posicionar, que pose eu estou errando… Até porque sozinho eu não consigo me enxergar mais”,confessa.
Ainda assim, Felipe Franco defende que o fisiculturista precisa conhecer a parte anatômica e fisiológica do próprio corpo. “Como eu digo, as pessoas não sabem que nós temos que conhecer os músculos a dedo, colocar peça por peça”, diz. Para ele, a diferença entre o leigo e o profissional está na precisão com que são feitas as escolhas. “Não é só fazer o basiquinho, não. A pessoa vai para a academia e quer fazer qualquer coisa. E depois diz que não teve resultado… Aí, já se apega à ideia de tomar bomba. Mas não é. Nem se submeteu a uma dieta, a um treino por um ano e acha que vai conseguir”, conclui.
“Eu não quero que todas as pessoas sejam fisiculturistas, mas se você quer seguir o nosso estilo de vida, tem que se submeter a treinamento e dieta constante. Sempre. Se não, você não vai ter o corpo que quer. E nem estou falando do corpo competitivo. É chegar perto… Competitivo mesmo é só para quem vive isso aqui, ó”, ressalta Franco.
Dentro da própria casa, Franco viu a família seguir seus passos. “O estilo de vida da minha família mudou completamente. Tanto é que meu pai e minha mãe nem jantam mais arroz e feijão. Eles fazem dieta também. Minha mãe treina há cinco anos, meu pai treina também aqui comigo na Xploud”, fala com orgulho.
Por ser personal trainer, Felipe Franco diz que está acostumado com pessoas que buscam dicas para ficar como ele. E vai direto ao ponto. “As pessoas não gostam de sofrer”, escancara. Mas se você tiver coragem para encarar a missão, veja as dicas dele abaixo:
– A pessoa que está começando não pode burlar a dieta. Ela é o principal elemento para uma profundidade maior, um nível mais alto. Se começar a dar aquela deprê e largar, é aí que a pessoa perde. Você é o que você come. Não tenha dúvida!
– O treino também é extremamente importante. Mas ele não é quantitativo, é qualitativo. Não adianta nada você passar três horas dentro da academia, fazendo tipo… Tipo nada! Você pode dividir o seu treino em várias vezes ao dia. Claro, se você for atleta. Se você não tiver esse tempo específico, OK.
– As pessoas querem logo buscar resultado rápido. Antes de começar a tomar suplemento, faça dieta e treine. Não é com pressa. Tem que dar tempo ao tempo.
TREINO DE FELIPE FRANCO
O treino de Felipe Franco consiste na intensidade, mas em nada tem a ver com carga. “O importante é você dar estímulo ao músculo. Quando acontece a microlesão muscular e você tem a recuperação da síntese proteica, é o certo”, completa. Outros critérios são mais importante. Fora isso, a saúde do fisiculturista precisa ser sempre levada em conta. “Eu não vou durar, se eu pegar muita carga todos os dias, não. Eu vou machucar as articulações do joelho, do cotovelo, do ombro. Eu preciso ser inteligente, dar ao meu músculo o melhor pra ele de uma forma inteligente. E as pessoas não enxergam isso”, diz o fisiculturista.
texto por Francili Costa.
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